São espíritos hiperativos que atuam como refreadores do
baixo astral, e são aguerridos, demandadores e rigorosos
quando tratam com espíritos trevosos.
O símbolo dos boiadeiros são o laço e chicote que, em
verdade, são suas armas espirituais e são verdadeiros
mistérios, tal como são as espadas, as flechas e outras
“armas” usadas pelos espíritos que atuam como refreadores
das investidas das hostes sombrias formadas por espíritos
do baixo astral.
Da mesma maneira que os pretos-velhos representam a
humildade, boiadeiros representam a força de vontade,
a liberdade e a determinação que existe no homem do
campo e sua necessidade de conviver com a natureza e
os animais, sempre de forma simples, mas com uma
força e fé muito grande. São habilidosos e valentes.
São regidos por Iansã-Oyá e Ogum, tendo recebido da
mesma autoridade de conduzir os eguns da mesma forma
que conduziam sua boiada, onde levam cada boi
(espíritos) para o seu destino, e trazem os bois
que se desgarram (obsessores, kiumbas e etc) de
volta ao caminho do resto da boiada (o caminho do bem).
Suas maiores funções não as consultas como as dos
pretos-velhos, nem os passes e as receitas de remédios
como os caboclos, e sim o “dispersar de energias” aderida
aos corpos, paredes e objetos. É de extrema importância
esta função, pois enquanto os outros guias podem se
preocupar com o teor das consultas e dos passes,
os boiadeiros “sempre” estarão atentos à qualquer
alteração de energia do local
(entrada de espíritos negativos).
Portanto quando bradam em tom de ordem como se estivessem
laçando seu gado, estão na verdade ordenando os espíritos
que entraram no local a se retirarem, assim “limpam” o
ambiente para que a prática da caridade continue sem alterações,
já que as presenças desses espíritos muitas vezes interferem
nas consultas de médiuns conscientes.
Esses espíritos atendem os boiadeiros pela demonstração
de coragem que os mesmos lhe passam e são levados por
eles para locais próprios de doutrina. Com seus chicotes
e laços vão quebrando as energias negativas e descarregando
os médiuns, o terreiro e as pessoas da assistência.
Outra grande função de um boiadeiro e manter a disciplina
das pessoas dentro de um terreiro, sejam elas médiuns da
casa ou consulentes.
Eles nos ensinam a força que o trabalho tem e que o
principal elemento de sua magia é a força de vontade,
fazendo assim que consigamos uma vida melhor e farta.
É uma linha poderosa e muito numerosa no mundo espiritual
e seus caboclos atuam nas sete linhas de Umbanda,
e são descritos como Caboclos da Lei.
Boiadeiro Zé do Laço
Boiadeiro "Zé do Laço"...
Um bandeirante tropeiro.
José Aparecido nasceu em Sorocaba-SP e moleque ainda já acompanhava seu pai na lida como bandeirante a serviço dos portugueses. Ele era um mameluco. Seu pai era português e sua mãe uma índia tupinambá a serviço dos brancos. Quando José tornou-se adulto, seu pai o levou para as campinas do Rio Grande do Sul; era o ano de 1780 e os portugueses já haviam dominado quase todo o sul do país.
José ouviu falar da guerra que ocorreu entre índios e brancos e da matança desmedida e sentiu tristeza, porque parte de seu sangue era de índio. Ao ver os pampas gaúchos apaixonou-se pelas pradarias, vegetação, o gado, as construções e decidiu morar nesse local. Era uma região entre São Miguel e São Borja e havia muito gado solto devido a revolta e fuga dos índios.
José desde cedo descobriu que era bom no laço e em pegar gado arrisco; então foi apelidado de "Zé do Laço". De bandeirante Zé passou a tropeiro e de tropeiro passou a boiadeiro. Adquiriu um terrinha nas cercanias de São Borja e passou a cuidar do gado para os bandeirantes paulistas. O sul ainda era uma terra sem lei e a disputa entre espanhóis e portugueses ainda era visível. Por isso, Zé andava armado e cercado de jagunços. Foi nessa época que Zé conheceu a índia Potira da Aldeia São Borja das Missões e decidiu roubá-la.
Antigamente, índio se pegava no laço e laçar era o que Zé fazia melhor. Então ele "laçou" Potira e a levou para seu sítio, mas isso desencadeou uma pequena revolta e uma lutou se travou entre os jagunços e os irmãos de Potira. Os dois lados perderam pois morreram homens de ambas as partes. Zé quedou em combate atingido no peito. Mas, ainda conseguiu dizer a Potira: - Eu também sou índio!
Potira voltou ao acampamento, mas carregava em seu ventre uma criança gaúcha. O filho de Potira cresceu catequizado pelos Jesuítas e mais tarde lutou na Revolução Farroupilha. Zé do Laço tornou-se boiadeiro espiritual e passou a trabalhar em Aruanda.
Ponto do Boiadeiro Zé do Laço
Se matar o boi, o mocotó é meu
Se matar o boi, o mocotó é meu
Esse boi vai me pagar a carreira que me deu
Esse boi vai me pagar a carreira que me deu
Arrombacheto Seu Zé Do Laço !