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Zé Pilintra
Zé Pilintra

Os malandros têm como principal característica 
de identificação, a malandragem, o amor pela noite, 
pela música, pelo jogo, pela boemia 
e uma atração pelas mulheres
(principalmente pelas prostitutas, mulheres da noite, etc...). 
Isso quer dizer que em vários lugares 
de culturas e características regionais completamente diferentes, 
sempre haverá um malandro. O malandro de Pernambuco, 
dança côco, xaxado, passa a noite inteira no forró
no Rio de Janeiro ele vive na Lapa, gosta de samba 
e passa suas noites na gafieira. Atitudes regionais bem diferentes, 
mas que marcam exatamente a figura do malandro.
No Rio de Janeiro aproximou-se do arquétipo 
do antigo malandro da Lapa, contado em histórias, 
músicas e peças de teatro. Alguns quando se manifestam 
vestem-se a caráter. Terno e gravata brancos. 
Mas a maioria gosta mesmo é de roupas leves, camisas de seda, 
e justificam o gosto lembrando que: “a seda, a navalha não corta”. 
Navalha esta que levavam no bolso, e quando brigavam, 
jogavam capoeira (rabos-de-arraia, pernadas), 
às vezes arrancavam os sapatos e prendiam a navalha 
entre os dedos do pé, visando atingir o inimigo. 
Bebem de tudo, da Cachaça ao Whisky, 
fumam na maioria das vezes cigarros, mas utilizam também o charuto. 
São cordiais, alegres, dançam a maior parte do tempo 
quando se apresentam, usam chapéus ao estilo Panamá.
Podem se envolver com qualquer tipo de assunto e têm 
capacidade espiritual bastante elevada para resolvê-los, 
podem curar, desamarrar, desmanchar, 
como podem proteger e abrir caminhos. 
Têm sempre grandes amigos entre os que 
os vão visitar em suas sessões ou festas. 
Existem também as manifestações femininas da malandragem, 
Maria Navalha é um bom exemplo. Manifesta-se como características 
semelhantes aos malandros, dança, samba, bebe e fuma da mesma maneira. 
Apesar do aspecto, demonstram sempre muita feminilidade, 
são vaidosas, gostam de presentes bonitos, de flores 
principalmente vermelhas e vestem-se sempre muito bem.
Ainda que tratado muitas vezes como Exu, 
os Malandros não são Exus. Essa idéia existe porque quando 
não são homenageados em festas ou sessões particulares, 
manifestam-se tranqüilamente nas sessões de Exu e parecem um deles. 
Os Malandros são espíritos em evolução, que após um determinado tempo 
podem (caso o desejem) se tornarem Exus. 
Mas, desde o início trabalham dentro da linha dos Exus.
Pode-se notar o apelo popular e a simplicidade das palavras 
e dos termos com os quais são compostos os pontos 
e cantigas dessas entidades. Assim é o malandro, simples, 
amigo, leal, verdadeiro. Se você pensa que pode enganá-lo, 
ele o desmascara sem a menor cerimônia na frente de todos. 
Apesar da figura do malandro, do jogador, do arruaceiro, 
detesta que façam mal ou enganem aos mais fracos. 
Salve a Malandragem!
Na Umbanda o malandro vem na linha dos Exus, 
com sua tradicional vestimenta: Calça Branca, 
sapato branco (ou branco e vermelho), seu terno branco, 
sua gravata vermelha, seu chapéu branco com uma fita vermelha 
ou chapéu de palha e finalmente sua bengala.
Gosta muito de ser agradado com presentes, festas, 
ter sua roupa completa, é muito vaidoso, 
tem duas características marcantes:
Uma é de ser muito brincalhão, gosta muito de dançar, 
gosta muito da presença de mulheres, gosta de elogiá-las, etc...
Outra é ficar mais sério, parado num canto assim como sua imagem, 
gosta de observar o movimento ao seu redor 
mas sem perder suas características.
Às vezes muda um pouco, pede uma outra roupa, 
um terno preto, calças e sapatos também pretos, gravata vermelha 
e às vezes até cartola. Em alguns terreiros ele usa até uma capa preta.
E outra característica dele é continuar com a mesma roupa da direita, 
com um sapato de cor diferente, fuma cigarros, cigarilhas ou até charutos, 
bebe batidas, pinga de coquinho, marafo, conhaque e uísque, rabo-de-galo; 
é sempre muito brincalhão, extrovertido. 
Seu ponto de força é na subida de morros, esquinas, encruzilhadas 
e até em cemitérios, pois ele trabalha muito com as almas, 
assim como é de característica na linha dos pretos velhos e exus. 
Sua imagem costuma ficar na porta de entrada dos terreiros, 
pois ele também toma conta das portas, das entradas, etc...

É muito conhecido por sua irreverência, 
suas guias podem ser de vários tipos, desde coquinhos com olho de Exu, 
até vermelho e preto, vermelho e branco ou preto e branco.

História de Zé Pilintra
José dos Anjos, nascido no interior de Pernambuco, 
era um negro forte e ágil, grande jogador e bebedor, 
mulherengo e brigão. Manejava uma faca como ninguém, 
e enfrentá-lo numa briga era o mesmo que assinar o atestado de óbito. 
Os policiais já sabiam do perigo que ele representava. 
Dificilmente encaravam-no sozinhos, sempre em grupo e mesmo assim
não tinham a certeza de não saírem bastante prejudicados 
das pendengas em que se envolviam.
Não era mal de coração, muito pelo contrário, era bondoso, 
principalmente com as mulheres, as quais tratava como rainhas.
Sua vida era à noite. Sua alegria, as cartas, os dadinhos a bebida, 
a farra, as mulheres e por que não, as brigas. 
Jogava para ganhar, mas não gostava de enganar os incautos, 
estes sempre dispensava, mandava embora, mesmo que precisasse 
dar uns cascudos neles. Mas ao contrário, aos falsos espertos, 
os que se achavam mais capazes no manuseio das cartas e dos dados, 
a estes enganava o quanto podia e os considerava os verdadeiros otários. 
Incentivava-os ao jogo, perdendo de propósito quando 
as apostas ainda eram baixas e os limpando completamente 
ao final das partidas. Isso bebendo aguardente, cerveja, 
vermouth, e outros alcoólicos que aparecessem.

No Nordeste do Pais, mas precisamente em Recife 

(na religião que conhecemos como Catimbó), 
ainda que nas vestes de um malandrão, a figura de Zé Pilintra, 
tem uma conotação completamente diferente. Lá, ele é doutor, 
é curador, é Mestre e é muito respeitado. 
Em poucas reuniões não aparece seu Zé. 
O reino espiritual chamado “Jurema”, 
é o local sagrado onde vivem os Mestres do Catimbó, 
religião forte do Nordeste, muito aproximada da Umbanda, 
mas que mantém suas características bem independentes. 
Na Jurema, Seu Zé, não tem a menor conotação de Exu, 
a não ser quando a reunião é de esquerda, 
por que o Mestre tem essa capacidade. 
Tanto pode vir na direita ou na esquerda. 
Quando vem na esquerda, não é que venha para praticar o mal, 
é justamente o contrário, vem revestido desse tipo de energia 
para poder cortá-la com mais propriedade e assim ajudar 
mais facilmente aos que vem lhe rogar ajuda.
No Catimbó, Seu Zé usa bengala, que pode ser qualquer cajado, 
fuma cachimbo e bebe cachaça. Dança côco, Baião e Xaxado, 
sorri para as mulheres, abençoa a todos, 
que o abraçam e o chamam de padrinho