O espírito “entra” no médium durante a incorporação?
Não. Na verdade o espírito se aproxima e encobre o médium com sua energia, conectando-se com ele e assumindo seu corpo através de ligações energéticas em seus chacras. Quanto mais próximo o espírito fica de seu médium, mais intensa é a incorporação.
Existe incorporação fraca?
Sim. E seus resultados são catastróficos. Quanto melhor for a ligação entre médium e seu guia, mais autêntica é sua manifestação. Daí surge a necessidade de uma boa preparação dos médiuns. Um dos reflexos mais comuns de médiuns “mal incorporados” é o animismo e a mistificação.
O que é animismo e mistificação?
Animismo é quando o médium manifesta personas de seu inconsciente e não um espírito legítimo. Neste caso, o choro, rizo, alegria, tristeza e o discurso são criados na mente do médium, mas ele acredita que aquilo vem de um espírito desencarnado.
A Mistificação é a fraude da incorporação. O médium finge estar incorporado e sabe o que está fazendo. Acontece com médiuns maliciosos, que pretendem enganar as pessoas (normalmente para obtenção de algum benefício) e com médiuns despreparados mas aflitos, que são muito pressionados por seus colegas e passam a forjar a incorporação para se verem livres da cobrança alheia por “resultados”.
Como evitar estes problemas?
Um bom médium passa sempre por um bom processo de desenvolvimento ou educação mediúnica. Neste processo, ele conhece estas e outras ameaças e se prepara para lidar com elas. Um bom médium nunca é perfeito, mas se prepara constantemente para lidar com suas imperfeições.
Médiuns experientes passam por este tipo de dificuldade?
Sim. Sempre que a sintonia entre o espírito e o médium se enfraquece, a incorporação torna-se falha. Quando isso acontece, é indicado que o médium reestabeleça seu equilíbrio e peça a interrupção de seus trabalhos se julgar necessário. Contudo, é comum que os médiuns enfraquecidos persistam em seu trabalho mesmo assim, por medo de serem criticados ou descredibilizados por seus companheiros de terreiro. Um erro de ambos.
O que são mediunidades consciente e inconsciente?
Mediunidade inconsciente ocorre quando o espírito toma o médium de tal forma que ele perde a consciência, é como se ele adormecesse. Sua principal vantagem é que, estando “adormecido” o médium não oferece muita resistência ou interferência nas manifestações do espírito guia. Uma desvantagem é que, se tomados por espíritos desordeiros, podem executar tarefas torpes sem que percebam isso com clareza. São médiuns cada vez mais raros.
Mediunidade consciente, ou semiconsciente, é aquela onde o médium percebe parcial ou totalmente o que ocorre durante a incorporação. Ele não “adormece”. Uma vantagem é que, se forem bem preparados, eles se mantém alerta à interferência de espíritos desordeiros caso isso ocorra, impedindo sua ação negativa. Uma desvantagem é que, estando mal preparados, eles interferem na manifestação das entidades de luz. Bloqueiam seus comandos e, por vezes, até assumem a condução do trabalho, o que é muito perigoso.
Quais as confusões relacionadas à mediunidade consciente e inconsciente?
Na verdade, este é um ponto de grande conflito. Muitos médiuns absolutamente despreparados assumem o trabalho de atendimento público e cometem vários erros. Quando o problema vem à tona, a desculpa mais comum é sempre a mesma: “Ah, isso acontece porque ele é médium consciente”. Mas isso é um grande erro. Tais problemas acontecem porque os médiuns são mal preparados e mal cuidados. Esta postura acabou marginalizando o médium consciente, como se ele fosse sinônimo de médium ruim ou fajuto.
A partir daí os conflitos de opinião são inevitáveis. Muitos médiuns conscientes se afligem e mentem, dizendo ser inconscientes, para não serem taxados de fajutos. Outros, partem para o polo oposto, dizendo que médiuns inconscientes “não existem”, para não se sentirem memores que seus colegas. Neste contexto, há ainda os médiuns verdadeiramente inconscientes que escondem sua condição para não serem discriminados por seus colegas.
Este é um bom exemplo dos problemas que podem ser criados pela ignorância e falta de preparo do umbandista. Em resumo, há sim médiuns bons e ruins, sejam eles conscientes ou não. Mas isso é devido à sua mal preparação e falta de cuidado, não à sua condição mediúnica.
Existem médiuns fortes ou fracos?
Sim. Ninguém nesta terra é igual e possui características melhores e piores em todos os aspectos de sua vida, incluindo na mediunidade. Contudo este é um tema delicado e raramente abordado pela espiritualidade. O orgulho e a vaidade dos encarnados os torna particularmente vulneráveis neste ponto, pois quase ninguém está pronto para se ver melhor ou pior que seu irmão. Grandes conflitos, disputas e perseguições são desencadeadas por conta disso. Assim, costuma-se dizer que “todo mundo é igual,” para evitar conflitos, mas pode-se observar estas diferenças no dia a dia.
Espírito incorporado fala pelo celular?
Espíritos incorporados se comunicam com outros espíritos à distância sem aparelhos ou instrumentos. Para falar com os encarnados nestes casos é comum que eles enviem seus recados por intermédio de outras pessoas. Contudo, o atendimento espiritual é algo pessoal demais e envolve procedimentos energéticos bem além de uma simples mensagem. Tais tarefas não podem ser feitas pelo celular.
É possível dar consultas pela internet?
É possível prestar atendimento em todo lugar, até escolhendo batatas no supermercado, pois uma pessoa é médium em tempo integral e não somente no terreiro. Uma boa intuição espiritual pode se tornar uma palavra de alento que transforma a vida de seu vizinho, esteja você onde estiver. Contudo, o trabalho de um médium incorporado é algo muito sério e requer preparações muito sólidas. A internet pode ser usada como meio de recados, assim como telefones. Mas não é capaz de estabelecer o campo energético necessário a um bom atendimento espiritual.